A política externa não é uma coisa "de modas", mas de princípios. Não se vai "por aqui" ou "por ali" apenas porque os outros países vão nessa direção. Se vier a reconhecer a Palestina agora que outros o fazem, Portugal não passará de uma "Maria vai com as outras" ... se as outras forem. O comodismo é muito triste!
duas ou três coisas
notas pouco diárias de Francisco Seixas da Costa
quarta-feira, julho 30, 2025
O preço dos vinhos
Um garrafa, num restaurante, nunca custa o mesmo que, pelo mesmo produto, nos é pedido numa loja especializada em vinhos ou numa grande superfície. É uma ingenuidade pensar que um restaurante teria a obrigação de cobrar, por uma garrafa, um preço similar àquele pelo qual ela é vendida no comércio de rua. No vinho, como em qualquer outro produto que comercia, o restaurante cobra sempre um diferencial: com ele paga o investimento da aquisição, os custos do serviço, os salários, os encargos de estrutura (rendas, empréstimos, etc) e, naturalmente, o lucro legítimo que o proprietário retira do seu negócio.
A minha experiência mostra-me que, nos vinhos mais baratos, o multiplicador normal é três vezes superior ao custo em loja, nos vinhos topo de gama um mínimo de duas vezes mais e, nos vinhos intermédios, 2,5 vezes. Mas há restaurantes que praticam multiplicadores bem maiores. Resta ainda acrescentar que, sendo o preço base, para os nossos cálculos, o valot comercial em loja, é preciso ter em conta que os maiores restaurantes compram os vinhos que vendem, em regra, nas empresas distribuidoras, que praticam uma tabela de preços mais baixa. Assim, o seu lucro é ainda maior. Nos vinhos pouco conhecidos, de produtores independentes ou com marcas novas, alguns restaurantes fazem o que muito bem entendem, o mais das vezes à nossa custa...
Como frequentador regular de restaurantes, sigo o princípio de ter sempre presente os preços médio de três ou quatro marcas vulgares de vinhos (sempre com atenção ao ano), no Pingo Doce ou no Continente, comparando-os depois com aquilo que me apresentam na lista de vinhos do restaurante. Até três vezes o preço em loja, acho razoável; mais do que isso, entendo ser um exagero. E a minha apreciação do restaurante "ressente-se" disso, nos conselhos que depois dou aos amigos. Um critério que também sigo é o uso da "app" "Vivino", que permite "fotografar" os rótulos e nos indica, de imediato, o preço médio em loja do vinho.
segunda-feira, julho 28, 2025
Trump 15 - Europa 0
Conheço alguma coisa de negociações internacionais para ousar ter um juízo simplista sobre o resultado da negociação comercial que, aparentemente, terá ontem ficado concluída entre os EUA e a União Europeia. (Escrevo "aparentemente" porque, com Trump, nada é seguro). Quero com isto dizer que não tenho a certeza de que uma qualquer outra equipa negocial europeia tivesse conseguido fazer melhor, nas atuais circunstâncias. Mas uma coisa é bem clara e não pode ser iludida: tratou-se de um "diktat" e o resultado é brutalmente desequilibrado em desfavor da Europa. A acrescer aos direitos aduaneiros impostos (que devem ser comparados com os atuais, não com o pior cenário, como desonestamente Bruxelas está a fazer), a Europa comprometeu-se (ainda não percebi bem como, dado que não se trata de uma competência comunitária) a comprar gás e petróleo aos Estados Unidos, bem como "enorme quantidade" (Trump dixit) de equipamento militar. Se alguém tinha pensado que o aumento exponencial de verbas orçamentais que vai passar a ser dedicado à defesa, aprovado no quadro NATO sob pressão americana, se destinava a reforçar as indústrias europeias e a contribuir para vir a obter a famosa "autonomia estratégica" do continente, pode tirar já o cavalo da chuva, antes que ele se constipe. Os europeus, que desde há três anos vivem atarantados com a ideia de que a Rússia pode "chegar com os tanques à praça da Concórdia", para recuperar uma célebre mitologia de 1981, entregaram-se agora por completo à vontade de Washington. Nada de novo, convenhamos, salvo esta humilhação alfandegária. Era possível fazer melhor? Não sei e, com total franqueza, duvido que fosse. Mas que o resultado é péssimo, disso não tenho a menor dúvida. E há que assumi-lo, sem querer fazer de nós parvos.
domingo, julho 27, 2025
"Bonito 7!"
"Le Tour"
A Volta à França de 2025 acaba hoje, com a clássica chegada aos Campos Elísios, em Paris. Há pouco, por curiosidade, olhei o desenho das etapas e, porque andava distraído, reparei, pela primeira vez, que o "Tour" anda aos saltinhos, havendo uma regular descontinuidade entre os vários percursos diários. Deixo dois mapas comparativos da prova de hoje com a de, por exemplo,1939.
Nuno Portas
Aos 90 anos, morreu agora Nuno Portas, figura maior da arquitetura portuguesa mas, igualmente, da reflexão e da intervenção na dimensão social do urbanismo, setor de que iria ser o primeiro governante em Portugal, logo após o 25 de Abril.
sábado, julho 26, 2025
Ser ou não ser
"Ele não é socialista", opinou alguém sobre uma mediática figura que há muito se dedica a atacar o seu partido, que a direita adora e que é exibido em debates para fingir diversidade. Um outro não concordou: "Não, ele é socialista". Mas acrescentou: "Só que não é praticante".
"Janela Global"
Falamos de Gaza e da sua tragédia, do anúncio de Macron face à Palestina, da Europa e da sua cacofonia, dos Estados Unidos com as atribulações de Trump, mas também de Lula da Silva e do estado da arte na CPLP. Além de outras coisas mais, como um certo livro que Márcia Rodrigues decidiu trazer à conversa, que pode ser vista aqui: https://www.rtp.pt/play/p14327/e866868/janela-global
sexta-feira, julho 25, 2025
Um adeus
Fomos hoje dizer adeus a uma amiga. Não era uma amiga antiga. Há uma década, mal tínhamos falado. Depois, o tempo e a vida fizeram o resto - a simpatia, a proximidade, a afetividade. Uma vez mais confirmei que há amizades tardias tão boas como as mais antigas.
quinta-feira, julho 24, 2025
Carlos Branco
A minha leitura do mundo não coincide, em alguns aspetos, com a do general Carlos Branco. Conheço-o há muitos anos, prefaciei-lhe um livro e com ele colaborei em duas obras coletivas. Não sei o que se passou na CNN. Sei que o canal perde em pluralidade com a sua decisão de sair.
No banco
Como português, desejo sinceramente que o novo governador do Banco de Portugal tenha sucesso e um mandato à altura do prestígio do seu antecessor. Contudo, quanto à sua independência política, estamos conversados: integrou o governo mais à direita desde o derrube da ditadura.
Conselho Estratégico
Aceitei com gosto o convite que me foi pessoalmente formulado pelo Secretário-Geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro, para integrar o Conselho Estratégico que criou, para refletir sobre o futuro do país e a contribuição que os socialistas podem dar para desenhar uma alternativa à atual governação.
Nunca na vida tive a menor dúvida de que é na esquerda e no socialismo, que aliás não se esgotam no PS, que continua a estar aquela que sempre foi a "minha gente".
Por isso, apetece-me repetir aqui este lapidar texto de Nuno Brederode Santos
... a nossa (salvo seja) e algum PS
Em Portugal, com uma extrema-direita cavernícola, a atual direita repete-lhe o essencial do discurso, embora lhe retire os adjetivos mais alarves. Algum PS também acha que democracia equivale a representar preconceitos e esquece as lições de Soares, Sampaio e Guterres.
A direita francesa...
Desde Sarkozy, a direita francesa (arrumado que foi o "détaille" do pai Le Pen) vive na ânsia de mimetizar a extrema-direita no dossiê migração-segurança, sem lhe herdar o rótulo. Por isso, ocupar o Ministério do Interior é uma velha obsessão para os que tentam chegar ao Eliseu.
RTP
O desconhecimento é parceiro da má fé. Quando se fala da privatização da RTP, ninguém diz que são 19 serviços de televisão, rádio e streaming, único meio de difusão onde intérpretes de música clássica podem ser ouvidos, onde passam séries excelentes que nenhuma privada exibe, etc
quarta-feira, julho 23, 2025
... e assim acontece!
Foi perto do Arco do Carvalhão, num acesso esconso à A5, há minutos. Há por ali uma caixa de eletricidade. Sobre ela, estavam quatro volumes da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
terça-feira, julho 22, 2025
Centeno
Um forte abraço a Mário Centeno.
Não consegui, até ao momento, encontrar uma fotografia do cidadão português que, no futuro, irá ser eleito pelos ministros das Finanças do Eurogrupo para seu presidente.
segunda-feira, julho 21, 2025
Náufragos em terra
Agora mesmo, parado há horas num Alfa Pendular, "in the middle of nowhere", a caminho de Lisboa, lembrei-me da saga de Steinbeck no "Náufragos do autocarro", mas a verdade é que não vislumbrei a saliência artística de Jayne Mainsfield em nenhuma das carruagens, pelo que talvez esta cena de espera nervosa acabe por ficar mais próxima do "Autoestrada do Sul", de Cortázar, no "Todos os Fogos o Fogo", adequada a quando andamos em tempo de férias e se diz ser um incêndio a causa desta infindável seca, pelo que logo me fui precavendo no bar, com sanduiches e uma Superbock, assim acabando por não passar nada mal o tempo, muito também graças ao ar condicionado e à Netflix que trago no "tablet" e que já me deu mais de duas horas de diversão, só perturbada por ter tido de mandar um "pouco barulho!" a uma fulana que andava a anunciar alto, pelo corredor, que já tinha tentado queixar-se junto de um ministro amigo, o qual não lhe terá atendido o telefonema, como confessou em tom mais baixo, o que só prova que este governo, embora não pareça, ainda pode ter por lá alguma gente sensata.
Dúvida
Uma dúvida é legítima: a hesitação europeia em retaliar à altura da provocação tarifária de Trump deve-se apenas à cumulação de objeções nacionais que impedem uma decisão ou (é ainda) à chantagem sobre o apoio militar à Ucrânia?
Coimbra B
Se já não existe outra estação, por que diabo a CP teima em chamar "Coimbra B" à única estação existente em Coimbra?
domingo, julho 20, 2025
Tremores e temores
Na conversa, o homem inquiriu: "Então o meu amigo recusou o convite que eu lhe tinha feito para ir a Reikjavik, para consultas sobre temas europeus?! Lembra-se que, há uns meses, em Estrasburgo, à margem de uma reunião do Conselho da Europa, tinha acedido a ir?" Lembrava-me do convite, mas não recordava ter recusado. Ao que parece, haveria uma carta do meu gabinete nesse sentido.
Chegado a Lisboa, fui ver o que se tinha passado. Lá estava a cópia da carta e a minha resposta negativa, através de uma comunicação do meu chefe de gabinete.
O Miguel Almeida e Sousa, um excelente diplomata que tinha servido no gabinete de Cavaco Silva e que, para surpresa (e até escândalo) de muita gente, convidei para meu chefe de gabinete no primeiro governo de António Guterres, explicou: "A sua agenda estava muito cheia, a Islândia é longe, implica perder quase quatro dias e havia outras coisas prioritárias. Disse-lhes que, para o ano, pensaríamos na viagem".
A justificação tinha alguma lógica, porque, de facto, a minha vida, em termos de compromissos externos, era, por esse tempo, muitíssimo complicada. E o Miguel, que muitas vezes me acompanhava nas viagens, tinha essa cuidada gestão a seu cargo. E eu dava-lhe imensa liberdade para decidir.
Mas um ligeiro sorriso na sua cara fez-me pressentir que haveria por ali algo mais. "Foi só por isso que recusou a viagem?" A cara do Miguel abriu-se: "Foi também pelos tremores de terra! Parece que aquilo treme a toda a hora. E os vulcões estão sempre a rebentar!". Vim a constatar, nesse instante, que ele era um "empanicado" com esse tipo de eventos naturais e que, por tabela, me tinha querido "proteger". E acabei por nunca ir à Islândia como secretário de Estado.
Fui lá esta semana, agora como turista. Não senti nenhum tremor de terra mas, de facto, vi ao longe este vulcão em atividade (a fotografia não é minha). Coisa que, creio, o Miguel nunca viu em parte alguma. E imagino que não deva ter pena.
José Blanco
Morreu José Blanco. Era uma figura amável, um homem de cultura, sendo por muito tempo administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, com ação relevante no Grémio Literário.
CPL quê?
A organização baseou-se num conjunto de princípios que, na sua fundação, foram aceite por todos com leituras intimamente diferenciadas, mas que eram promovidos pelo politicamente correto internacional que, à época, fazia escola e parecia ir permanecer no "ar do tempo", do qual ninguém formalmente ousava afastar-se.
Agora, num tempo de nova Guerra Fria, é da mais elementar prudência não testar excessivamente os limites do consenso dentro da organização e procurar deixá-la sobreviver num registo de mínimos, à espera de melhores dias.
Uma nota: isto não é um recado apenas para o governo português.
sábado, julho 19, 2025
O papagaio-do-mar e eu
sexta-feira, julho 18, 2025
quinta-feira, julho 17, 2025
Centenário
Sempre os mesmos
Há cerca de três anos, ouvia-se: "Há o risco do PS 'mexicanizar' o regime, ficando no poder eternamente". Agora, ouve-se: "O PS está numa crise existencial. Pode mesmo acabar". A voz é sempre a mesma: a direita, velha e relha. Ah! E a História do "fim do socialismo" já tem barbas...
Ver e o resto
Há quem goste de ver géiseres ou de ver passar os ciclistas e há quem viva para fotografar as coisas. Estamos assim.
quarta-feira, julho 16, 2025
Ser socialista
O Partido Socialista tem de saber dizer, alto e bom som, ao autarca que o representa em Loures que dizer-se socialista não é um rótulo de oportunidade, é a responsabilidade de sempre assumir um comportamento humanista, sem deixar que a ânsia da vitória o arraste na demagogia populista.
É feriar, minha gente!
O julgamento de José Sócrates foi interrompido pelas férias judiciais de Verão (é que há outras): de 15 de julho a 31 de agosto. É verdade! Mês e meio! E, no passado, já foram dois meses!
Dou um doce virtual a quem se lembrar do nome de quem decidiu reduzir aquelas férias, concitando a ira dos magistrados.
O Doutor Homem
A "Salvação" do Álvaro
Já um dia contei por aqui esta história, mas vou repeti-la hoje, sintetizada. Logo verão a razão por que o faço.
terça-feira, julho 15, 2025
Sócrates
Alguma comunicação social começa a perceber que dar palco ao laborioso argumentário de Sócrates poderá vir a pôr em cheque o Ministério Público, entidade que, durante anos, a municiou com fugas do segredo de justiça, que ajudaram à criação do juízo prévio de culpabilidade instalado.
Um ZBB é que era!
Há um imaginativo debate orçamental em França. São apresentadas propostas de redução das despesas, não face às despesas reais anteriores mas face às despesas previsíveis se o deslizar dos gastos continuasse com a anterior tendência crescente. Estão é a precisar de um ZBB!
A ética por um canudo
Com a inovadora escolha do seu candidato autárquico para Oeiras, o PSD de Luís Montenegro dá uma bofetada de luva laranja no seu candidato presidencial. Não deixa de ter graça.
Santa Luzia
Ardisson
As figuras públicas televisivas acabam por fazer parte do nosso universo pessoal, embora não necessariamente de um modo positivo, em termos de afetividade. Thierry Ardisson, que me habituei a ver, durante anos, nos écrans televisivos franceses, nunca foi, para mim, uma figura simpática. Havia uma agressividade, por vezes desrespeitosa, na forma como aquele homem sempre de preto entrevistava e contraditava os convidados. Era, contudo, um "performer" de qualidade. E, também por isso, desgosta-me saber da sua morte.
segunda-feira, julho 14, 2025
O dia das cambalhotas
Em face da decisão de Trump de apoiar militarmente a Ucrânia, vamos ver por cá umas belas cambalhotas: os ucranófilos, aliviados, vão dizer que Trump, afinal, não é tão mau como se pensava; os russófilos, desencantados, vão poder voltar a dizer mal da América, como sempre gostaram de fazer.
"La France va-t-en-guerre"
Vale a pena estar atento ao que se vai passar em França nos próximos dias. Ontem, Macron anunciou um aumento brutal nas despesas militares, nos próximos dois orçamentos, precisamente aqueles que terão de ser aprovados até ao final do seu mandato.
O PM Bayrou tinha anunciado para o dia 15 as bases de um orçamento de extremo rigor, por forma a colocar a França - o país mais endividado da zona euro e com maior défice - numa trajetória de correção das suas mais do que degradadas contas públicas. E sem alta de impostos.
Como a quadratura do círculo não é coisa fácil, estou curioso para perceber como será possível o impossível. Desde logo, aprovar um orçamento "de rigueur" num país que salta para a rua sob qualquer pretexto social, com um parlamento em que o executivo governa em minoria.
Macron, que está com uma taxa de aceitação baixíssima, salvo nas redações de alguns jornais portugueses, adotou um estilo "va-t-en-guerre" que deve agradar imenso à indústria bélica mas é capaz de soar a novas ajudas de Estado para as bandas de Bruxelas.
E, para fechar tudo isto com chave de ouro, a França, que, em dias de "Tour de France", lidera destacadíssima o pelotão dos países com mais elevado rácio despesa pública versus PIB na Europa, irá agora isolar-se, numa fuga em frente, neste domínio.
Bayrou, cujas divergências com Macron se têm acentuado, poderá acabar por não ser o homem para esta hercúlea tarefa. Um nome que se diz que Macron poderia escolher seria Sébastien Lecornu, que é, nem mais nem menos, o ministro da Defesa. "Et pour cause..."
Gastos com Defesa
Bolas
E lá vi, ao fim de tarde de ontem, a abada que o Chelsea deu ao PSG! Por uma qualquer razão, salvo este jogo final, não perdi tempo com qualquer outro jogo deste torneio de verão. Achei aquilo uma organização algo artificial, feira para empochar dinheiro.
" A Arte da Guerra"
O podcast "A Arte da Guerra", emitido semanalmente pelo Jornal Económico desde o início de 2021, uma conversa de cerca de meia hora, sobre três temas internacionais, entre o jornalista António Freitas de Sousa e eu, vai agora "de merecida vilegiatura", como dizia o velho e já desaparecido jornal da minha terra, "O Vilarealense", quando anunciava a ida a banhos dos seus assinantes mais notáveis.
domingo, julho 13, 2025
sábado, julho 12, 2025
Falemos então da velhice, através de Philippe Noiret
"Il me semble qu'ils fabriquent des escaliers plus durs qu'autrefois. Les marches sont plus hautes, il y en a davantage. En tout cas, il est plus difficile de monter deux marches à la fois. Aujourd'hui, je ne peux en prendre qu'une seule.
sexta-feira, julho 11, 2025
Os parvos e os outros
Ao ver a imensidão de baixas médicas dos guardas prisionais, que hoje emulam com garbo as de muitos outros setores da função pública, lembrei-me que, em 42 anos de funcionário do Estado, devo ter "metido baixa" menos de uma dúzia de vezes. "Não tivesses sido parvo", imagino alguns a pensar.
Esquerda e direita
Não há grandes diferenças entre a esquerda e a direita? Há um século, um filósofo francês escrevia: "l’homme qui pose cette question n’est certainement pas un homme de gauche". Olhe-se a questão da privatização total da TAP é aí têm a prova provada da falsidade da ideia.
A lata
A carta de Trump a Lula, anunciando direitos aduaneiros sobre os produtos brasileiros, pelo facto da democracia brasileira estar prestes a condenar um ex-presidente golpista, vai ficar na história da infâmia diplomática. Trump tem uma imensa "vantagem": tem uma lata estanhada.
Denunciar
Há por aí quem procure aterrorizar os incautos, espalhando a ideia de que criticar as ações de Israel e defender abertamente os direitos dos palestinos equivale a ser anti-semita e até pró-terrorista. É preciso denunciar abertamente esta miserável falcatrua argumentativa.
Desaguisado
Trump parece ter perdido a paciência com Putin. Putin terá alienado a boa vontade que Trump sempre lhe tinha dedicado. Há histórias de amizades rompidas bem mais interessantes, mas poucas com tantas consequências geopolíticas como esta. Os próximos capítulos vão ter graça.
O "espião" saído do quente
quinta-feira, julho 10, 2025
Embaixadores & políticos
quarta-feira, julho 09, 2025
"Voyeurisme"
Nos últimos dias, dou comigo a acompanhar as audiências do processo Marquês com a mesma curiosidade com que, às vezes, sigo algums séries televisivas. O que virá a seguir? Ah! E então o que é que contavam Soares e Almeida Santos sobre a Dona Maria e o homem de Santa Comba? Digam lá!
Do tempo
Vem isto a propósito de uma reunião, por via digital, de que acabo de sair. Tratava-se de um grupo de "advisers" (talvez devesse dizer "advisors", porque a sede da empresa é nos EUA) de uma multinacional de um determinado setor. A reunião começou impreterivelmente às 14 horas. No início, na tela, ficou claro o tempo que cada intervenção iria ter - e começaram por falar os "big bosses", que acompanharam o que diziam com "power points" sintéticos. No final, no período de perguntas e respostas, nenhum dos intervenientes gastou mais de um minuto. O encerramento demorou cinco minutos. Às 14.57, com tudo dito e bem explicado, fechámos esta reunião quadrimestral. Muito informativa e extremamente útil.
Quando se constata que, em Portugal, se trabalha muito mas que a produtividade é escassa, algumas razões haverá. E a má utilização do tempo é, com certeza, é uma delas.
Justiça
O caso Marquês marcará os meses que aí vêm. A justiça tem um desafio importante: para condenar Sócrates, terá de identificar, para além das idas e vindas de dinheiro, que decisões por ele tomadas ou influenciadas resultaram em vantagens que justificaram pagar tantos milhões.
terça-feira, julho 08, 2025
Nobel
É de facto uma imensa honra para Trump ser proposto para Prémio Nobel da Paz por iniciativa de alguém que é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade.
Justiça
O caso da mulher grávida que desapareceu e que a voz pública acha que foi assassinada por um homem com quem teve uma relação, que o tribunal acaba de absolver por falta de provas, é um "case study" sobre o próprio conceito de justiça, em que o "in dubio pro reo" é regra de ouro.
segunda-feira, julho 07, 2025
A (não) fazer
Ontem, a meio da tarde, tive uma sensação estranha: ou era eu quem me estava a esquecer de alguma coisa ou, de facto, não tinha rigorosamente nenhum compromisso de escrita pendente. Era a primeira vez, desde há bastante tempo, que tinha essa sensação.
Espanha (4)
Há um estranho "iberismo" nas redes sociais: gente da direita lusa desfaz-se em insultos contra Sánchez e exulta, de forma quase doentia, com os seus desaires; alguma esquerda exalta como pode o PSOE e chama "facho" a tudo quanto estiver à direita dos socialistas. Que coisa!
Espanha (3)
Não correu bem a Sánchez a reunião do PSOE do passado fim de semana. Mais trapalhadas e revelações comprometedoras para figuras próximas da liderança vieram a lume. As vozes críticas foram poucas, mas o mal-estar no partido é evidente. Que coelho ainda terá Sánchez na cartola?
Espanha (2)
A vedeta liberal do PP de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, pouco discreta candidata potencial à liderança da direita espanhola, viu-se obrigada a refrear as suas ambições, em face do quase unanimismo em torno de Feijóo. O seu tempo, claramente, não é este.
Espanha (1)
A direita espanhola, pressentindo o vento a soprar contra o PSOE, reentronizou Feijó com grande estadão. O "não é não" face ao Vox começou já a cair, embora com recusa de coligação. Salvo por uma improvável onde de fundo, não se percebe como um PP "só" conseguirá chegar a Moncloa.
América
É cedo para contar votos no Congresso americano, depois das eleições intercalares de 2026. Em regra, nada é garantido para qualquer dos lados. Talvez isso explique algum nervosismo - mas pode ser só irritação - no modo como Trump reagiu à criação do partido de Musk.
domingo, julho 06, 2025
Este blogue é o que é
Nos últimos dias, ouvi dois comentários sobre este blogue.
O primeiro, estranhando que eu não tivesse falado sobre a morte de Diogo J. Para essa pessoa, era algo insólito que um acontecimento que mobilizou emocionalmente o país tivesse passado completamente desapercebido por aqui.
O segundo, sublinhando que o blogue acabava por ser demasiado pessoal, com historietas minhas sobre assuntos irrelevantes para a maioria das pessoas, o que não facilitava a sua estabilização como algo que poderia facilmente ser: uma plataforma de debate sobre alguns temas de atualidade, no plano nacional ou global. E essa outra pessoa foi acrescentando o seguinte comentário: "Abre-se o blogue e nunca se sabe se vai surgir uma reflexão sobre um tema sério ou se optaste por publicar uma graçola, às vezes sem a menor graça, ou a que só tu achaste graça. Tenho que confessar: em muitos dias, esperava muito melhor de ti."
Ambos os comentários se interligam. Não comentei a morte de Diogo J mas coloquei a fotografia de um azulejo humorístico numa tasca. É ou não uma falta de sentido das proporções? Comentei uma dormida num hotel quando seria muito mais "útil" denunciar a vergonhosa deriva direitista do governo em matéria securitária e migratória? Como é que eu tenho o desplante de analisar a ementa de um restaurante de luxo onde fui jantar quando crianças morrem de fome em Gaza?
Entendamo-nos de uma vez por todas: este não é um espaço de comunicação social. É um bloco-notas pessoal, repito, estritamente pessoal, às vezes de memórias, outras de comentários (cada vez mais) breves e às vezes caricaturais (passei a utilizar a cómoda brevidade do Twitter), de instantâneos apanhados ao acaso - na net, na rua, nos jornais que cada vez menos leio. O "Duas ou Três Coisas" é só isso e não tem a menor pretensão de ser mais do que é. Não quer ser doutrinário, não quer "ir a todas", ou sequer pretende ser coerente no equilíbrio global daquilo que publica. Este blogue, repito, é o que é, é um pouco o que sou. Gostam dele assim? Leiam-no. Não gostam? Passem à frente. Amigos como dantes!
sábado, julho 05, 2025
Avignon
Espanha
Pedro Sánchez tenta evitar ser tingido pelas escandaleiras que saem de todo o lado no partido, desde a corrupção pura e crua até ao machismo ostensivo. A direita está à espreita e agita ruas e discursos. Numa Espanha economicamente sã e com voz externa, Sánchez vai sobrevivendo.
Tour
Começa hoje a Volta à França 2025 em bicicleta. Desde há 40 anos, com Bernard Hinault, que um francês não ganha a prova maior do ciclismo mundial.
França
François Bayrou, desistente do sonho presidencial em França, forçou Macron a nomeá-lo primeiro-ministro. Para surpresa de alguns e conforto do preconceito de outros, revelou-se um fraco líder do governo, onde se afronta a direita tradicional e o extertor ruidoso do macronismo.
sexta-feira, julho 04, 2025
Ai se fosse hoje...
Os Estados Unidos estão a dever um forte pedido de desculpas a Richard Nixon. Se o Watergate tivesse ocorrido neste "big, beautiful" mundo de Trump, nem uma agulha teria bulido do lado da agora "so-called" justiça americana para incomodar o presidente.
quinta-feira, julho 03, 2025
Pousadas de Portugal
- Desde 1942, foram criadas 70 Pousadas.
- Atualmente (julho de 2025), existem 38 Pousadas.
- Ao todo, foram encerradas 32 unidades - 8 antes da chegada do Grupo Pestana (1942-2003) e 24 sob gestão Pestana (2003-2025).
- Após a chegada do Grupo Pestana foram construídas 16 novas unidades.
- Elvas. Santa Luzia (1942-2012)*
- Marão. São Gonçalo (1942-2007)*
- Macinhata do Vouga. Santo António de Serem (1942-2002)
- Covão da Ametade, Santo António (1942-1967)
- Alfeizerão. São Martinho (1943-1967)
- São Brás de Alportel. São Brás (1944-2010)*
- Alijó. Barão de Forrester (1944-2013)*
- Santiago do Cacém. S. Tiago (1945-2001)
- Manteigas. São Lourenço (1948-2005)*
- Madeira, Pousada dos Vinháticos (1949-1967)
- Berlengas. Forte de São João Baptista (1953-1971)
- Tomar. São Pedro. Castelo do Bode (1954-2003)*
- Serpa. São Gens (1960-2003)*
- Miranda do Douro. Santa Catarina (1962-2002)
- Caramulo. São Jerónimo (1963-2005)*
- Setúbal. São Filipe (1965-2014)*
- Santa Clara a Velha (1969-2006)*
- Póvoa das Quartas. Santa Bárbara (1971-2003)*
- Torrão. Vale do Gaio (1977-2007)*
- Guimarães. Senhora da Oliveira (1980-2013)*
- Cerveira. Dom Dinis (1982-2008)*
- Sagres. Forte do Beliche (1982-1989)
- Batalha. Mestre Afonso Domingues (1985-2007)*
- Almeida. Nossa Senhora das Neves (1987-2005)*
- Santiago do Cacém. Quinta da Ortiga (1991-2008)*
- Sousel. São Miguel (1992-2010)*
- Condeixa. Santa Cristina (1993-2019)*
- Monsanto (1993-2011)*
- Mesão Frio. Solar da Rede (1998-2012)*
- Vila Pouca da Beira. Convento do Desagravo (2003-2017)*
- Proença a Nova. Amoras (2006-2011)*
- Braga. São Vicente (2007-2012)*
- Óbidos. Castelo. (1951)
- Marvão. Santa Maria (1956)
- Bragança. São Bartolomeu (1959)
- Sagres. Infante (1960)
- Murtosa. Pousada da Ria, Santa Joana Princesa(1962)
- Valença. São Teotónio (1962)
- Évora. Loios (1963)
- Caniçada. São Bento (1968)
- Estremoz. Rainha Santa Isabel (1970)
- Viana do Castelo. Santa Luzia (1979)
- Palmela. Santiago (1979)
- Guimarães. Santa Marinha da Costa (1985)
- Alvito (1993)
- Beja. São Francisco (1994)
- Queluz. Dona Maria I (1995)
- Arraiolos. Nossa Senhora da Assunção (1995)
- Crato. Flor da Rosa (1995)
- Vila Viçosa. Dom João IV (1996)
- Amares. Santa Maria do Bouro (1997)
- Alcácer do Sal. Afonso II (1998)
- Belmonte. Convento de Belmonte (1999)
- Ourém. Conde de Ourem (2000)
- Horta . Forte de Santa Cruz (2004)#
- Lisboa. Praça do Comércio (2005)#
- Bahia, Brasil, Convento do Carmo (2005)#
- Tavira. Convento da Graça (2006)#
- Angra do Heroísmo. Forte de São Sebastião (2006) #
- Estoi. Palácio de Estoi (2009)#
- Porto. Palácio do Freixo (2009)#
- Viseu (2009)#
- Cascais. Cidadela (2012)#
- Covilhã. Serra da Estrela. (2014)#
- Obidos. Vila de Óbidos (2018)#
- Óbidos Lidador (2019)#
- Câmara de Lobos. Churchill Bay (2019)#
- Vila Real de Santo António (2020)#
- Porto - Rua das Flores (2021)#
- Lisboa. Alfama (2023)#
Mau, Maria!
A política externa não é uma coisa "de modas", mas de princípios. Não se vai "por aqui" ou "por ali" apenas po...